Publicado por: Amauri Nolasco Sanches Junior e Marley Cristina Felix Rodrigues | 31 de março de 2016

O que é isto – inclusão?

E quando o caos chegar

Nenhum muro vai te guardar

De você, de você, de você

Pitty – De Você

O que estou vendo é que as pessoas estão confundindo as coisas, não estamos incluindo, estamos nos fechando em promessas vazias. Você para ser bem-sucedido sem ofender ou magoar ninguém, você pode trabalhar sem deixar sua vida, mas como a Pitty disse, quando o caos chegar, nenhum muro vai te proteger de você mesmo. Inclusão não é ganancia ou desespero, inclusão de deficiente tem um viés muito espiritual e não pode ser confundida com bens materiais e sucesso repentino. Às vezes, pessoas te elogiam para te agradar e não para te oferecer amizade, ou respeita sua condição, elas querem sempre status. Essa é a verdade, essa realidade, você está numa cadeira de rodas e as pessoas te darão o status que você se propuser ter e só.

O que me preocupa é ver pessoas com deficiência que trabalha, ganha seu dinheiro e tem até carro, ser carente o bastante para não deixar a família e ser tão dependentes, que não podem assumir namoros, entrar em concursos de beleza. Nós, dos movimentos em prol a inclusão, sempre dissermos que a primeira atitude inclusiva que uma pessoa deficiente é tomar “rédeas” da sua vida e achar um rumo, se não começa por aí, daí ou é mimado, ou acha que o mundo é um “encantado mundo de Bob”. Isso mesmo. Esse desenho tem muito a ver com o segmento dos deficientes, pois é a história de um menino que cria um mundo só dele e acha que todo aquele mundo existe, mas não passa de um mundo através de um viés de uma criança inocente. Acontece que o deficiente não é inocente, ele cria esse tipo de mundo para fugir da sua responsabilidade de criar sua própria vida. Acaba não tendo relacionamentos ótimos, acaba achando que toda a humanidade é carrasco ou coisa parecida, e ainda, cria o conceito que “devemos valorizar a família”. A valorização da família é depender moralmente do pai e da mãe? Valorizar a família é não assumir um relacionamento por causa de uma “blonquinha” ou por causa das “mamatas” como viagens, comidas exóticas, cuidados de “dondoca” e tudo mais?

A deficiência não é medida de caráter (ethos), nem medida de força de vontade, pois ou você é uma pessoa resolvida dentro da vida com seu trabalho, com seu carro, com suas ideias, ou simplesmente, é uma “nadinha” que só quer status para vender ou para mostrar aquilo que não é. A construção da nossa liberdade não é só uma construção apenas financeira, não é uma construção apenas de uma carreira e sim, uma descoberta de você para entender você mesmo e seus limites. Onde precisamos tanto de dinheiro que não vai resolver aquilo que está em nós mesmo?

Inclusão vem de incluir e só vai ser incluído quem realmente descobrir quem você é, quem é a pessoa com deficiência que está por traz das “mascaras” sociais, por traz de nossas omissões de nós mesmos. Inclusão não pode ser um ato social, apenas um ato de ir para frente daquilo que você mesmo é e pode ser muito mais. Ser um deficiente quase uma tatuagem.

Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor

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Confiram O_CAMINHO


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