Publicado por: Amauri Nolasco Sanches Junior e Marley Cristina Felix Rodrigues | 3 de dezembro de 2015

O que temos que comemorar?

Já coloquei a pergunta no titulo como forma reflexiva e não como uma forma negativa ou de agressão: o que nós podemos comemorar dentro do nosso cenário, o dia internacional do deficiente? O dia 3 de dezembro é o dia do deficiente dês de 1998 quando a Organização das Nações Unidas (ONU) promulgou neste dia o dia do deficiente para se lembrar da importância do fato de termos politicas inclusivas para os deficientes terem uma vida mais ou menos, em sociedade. Existem nações mais acessíveis, outras menos acessíveis, mas existem politicas e pasmem, o Brasil é o único país em todo mundo que ratificou como lei a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU e recentemente, votaram a favor pelo Estatuto das Pessoas com Deficiência que a partir de janeiro de 2016, virará lei vigorando. Mas como somos um país que a educação não é uma prioridade – pois faltou dinheiro, o primeiro ministério a ser cortado é da educação – como a saúde e os tratamentos de reabilitação são precários, nosso direito de ir e vir são negados por falta de transporte adaptado em grande escala, nosso direito em ter preferencia em ter casas ou nosso direito de ter aparelhos pelo SUS é negado, então, temos grande dificuldade que as pessoas respeitem o pouco que conseguimos e nem o porque de comemorar tal dia.

Leis politicas são realizadas por sistemas éticos, ou seja, a sociedade não pode ter ética na politica se não tem ética dentro da sociedade. Lembro que um cara num video – que era uma experiência social – se fingiu de cego e pegou uma Telesena falsa e mostrava as pessoas para saber se ele tinha ganhado, só que estava marcado 60 mil reais que, supostamente, tinha ganhado. Só duas mulheres foram honestas e o resto, bem, o resto fugiu com a Telesena premiada. Como se vê, o ditado que cada povo tem o governo que merece, não é tão mentira assim. A honestidade de comportamento ou a honestidade intelectual, não pode ser adquirida somente nas escolas, porque a escola dará a instrução social e as ciências humanas, a honestidade tem que ser aprendida dentro de casa com a família. Umas das coisas que não concordo dentro das filosofias anarquistas – sendo eu um anarco-libertário – é acusar a família da opressão social que ela está inserida e não existem maneiras de liberdade, sem se libertar do amor familiar que seria algo imposto pela moral religiosa ou a moral social. Talvez, vejamos a liberdade restrita dentro da sociedade, algo restrito porque a tradição vem de cima para baixo e isso, quem ler historia evidentemente, fica muito claro. Se hoje temos uma politica de inclusão precária e de pouco exito dentro de um prisma, mais ou menos, fraco e inócuo, temos que agradecer ao Estado. A família tradicional ou não, só é um reflexo da religião que o Estado oficializa – não venha com essa historia patife que o Estado é laico, pois nem os países socialistas o são – a cultura é precária porque o próprio Estado oficializa, o mundo perde muito no avanço moral, quando o Estado determina até em que escola o seu filho vai estudar e aplaudimos como se fosse uma grande coisa. A família não é opressora, mas a cultura é opressora ao ponto de determinar como você se comporta, que musica você deve ouvir para ser um cara legal, como se deve vestir para ter o estereotipo do cara daquela tribo (se fossemos homens da caverna ainda), até mesmo, a cultura te diz os livros que você deve ler. Somos oprimidos pela mesma cultura que nós inventamos.

Se somos oprimidos por um padrão de beleza estabelecido dentro da sociedade, apoiamos esse mesmo padrão quando tiramos fotos com as mesmas posições dessa padrão. Sorrisos de pasta de dente, roupas que só serão usadas no dia da foto, os ídolos são pessoas que nem tocam o assunto da deficiência e num ato de extrema hipocrisia, apoiam o Teleton. Quem constrói essa cultura anti-inclusão? Eu que tenho como ídolo o Bruce Dickinson (vocalista do Iron Maiden) que montou uma escola de aviação própria para alunos com paraplegia, ou o cara ou a mina que tem como ídolo esses caras que não fazem nada para resolver a inclusão no mundo? Eu que voto em candidatos novos com deficiência ou vocês que votam sempre nos mesmos por causa do nome, por causa das ideologias politicas, ou porque é bonitinho? Claro que a liberdade – que dizem ser opressora – te fazem ter o poder de escolher até o papel que nos limpamos e pode, por ventura, nos colocar em situações que nós mesmos vamos ser prejudicados. Como, por exemplo, inventar multas morais como se isso fosse resolver algo dentro do respeito das vagas, ou campanhas duvidosas, que mais estressaram do que resolveram algo do tipo. As regras da ética são claras dentro do cenário da ótica da inclusão, ou você faz, ou você não faz, tentar não existe como o mestre Yoda disse a Luke Skywaker no filme Guerras nas Estrelas.

O que o mestre Yoda quer dizer? Não existe o tentar quando se quer fazer aquilo que se tem vontade e essa vontade, que Nietzsche vai dizer que é a Vontade da Potencia, tem que vir com a potencialidade do ato que faz algo virtual ser algo real. O encontro de duas pessoas, por exemplo, foi realizado graças a potencialização de um ato de encontro entre duas pessoas que estão lá nesse instante, naquele lugar, com infinitos propósitos. Mas se uniram num ato de querer e se interessar em falar um com o outro dentro de uma consciência, que de repente, tenha despertado uma potencialização de se conhecerem e ficarem um com o outro graças a essa vontade. Não temos a vontade que o segmento seja incluso dentro do cenário social? Não queremos que a virtualização dessa ideia seja realizada de fato? Se queremos que a ideia da inclusão seja um ato e não só a virtualização do ato, devemos começar por nós mesmo essa iniciativa procurando nos instruir e instruir o segmento em mostrar um caminho, não adianta querer casar se nem casa tem, não adianta querer ser um ser social se nem sentir dentro da sociedade se sente, não adianta querer que as pessoas nos aceite, se nem ao menos, nos aceitamos. A inclusão começa com o ato de aceitação da potencialização de que somos (do verbo ser) deficientes e nada vai mudar renegando isso. Então, por que não fazer a diferença tendo um ato de mudar seu jeito de ser? Repensar o por que apoiamos uma cultura que nos rejeita e não, de maneira nenhuma, mudamos nossa conduta o que gostamos e o ouvimos, assistimos ou apoiamos?

Inclusão é um ato e não um termo, só.

Amauri Nolasco Sanches Junior, 39, escritor/filosofo.

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